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title: Spore
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author: Marcos Marado
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date: 2008-12-25 00:29:00
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categories:
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- Jogos
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tags:
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- EA
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- Jogos
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- Spore
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## Um comprador do Spore diz:
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Comprei o [Spore][1] no dia em que saiu. Normalmente, testo os jogos antes de
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os comprar, mas estava tão excitado com o lançamento do Spore que apenas saí e
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comprei-o. Para meu desapontamento, o jogo não só era decepcionante de tão
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básico para tentar abranger uma maior audiência, como também continha o
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invasivo e draconiano DRM SecuROM. Assim, fico com um jogo medíocre e um mau
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sistema a viver no meu computador e que é impossível de remover.
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O SecuROM ofendeu tanto a comunidade de partilha de ficheiros que uma versão
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sem o DRM do jogo estava disponível mesmo antes do lançamento do jogo. Desde
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então, tornou-se um dos jogos mais descarregados de todos os tempos.
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O que se torna mais execrável em toda esta história é que enquanto ela destaca
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os piores aspectos do DRM, ele poderá aparentar o oposto aos executivos da EA —
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este jogo, medíocre, teve um número de downloads ilegais tão grande como
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resposta directa aos passos que foram tomados para prevenir a sua cópia.
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Duvido que a ironia vá fazer muito para mudar a injusta implementação de DRM
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usada pelas inústrias de jogos, música e filmes contra os seus clientes.
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## Um defensor do Software Livre comenta
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Há muito muito tempo atrás — enquanto esperava pelo lançamento do Duke Nukem
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Forever — ouvi rumores de um jogo, um jogo tão maravilhoso e revolucionário no
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seu conceito que eu sabia que teria de o jogar. Este jogo não só seria um
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simulador de vida, onde poderia criar uma criatura e guiar a sua evolução
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durante os vários estados, criando uma maravilhosa e única criatura com os seus
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prórios comportamentos e uma aparência completamente única.
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Eu sabia que tinha de jogar este jogo. O Spore entrou imediatamente na minha
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lista de jogos “a jogar”, tal como o DNF. Com entusiasmo, esperei por todas as
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notícias sobre ele que poderia obter.
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O tempo foi passando — anos mais tarde eu tornei-me algo como um defensor do
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software livre (principalmente graças ao “Windows Genuine Disadvantage”
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recusando a activação da minha cópia legítima do Windows) — comecei a usar o
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GNU/Linux como Sistema Operativo principal e recorrendo ao Windows apenas para
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o jogo ocasional, quando este não corria sobre o Wine (coisa que vem
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acontecendo cada vez menos frequentemente).
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Descobri uma quantidade enorme de fantásticos jogos de Software Livre:
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Tremulous, Alien Arena e o brilhante Scorched3D para falar de alguns. Descobri
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que um dos meus jogos favoritos de todos os tempos, Star Control 2, foi lançado
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como Software Livre e está agora disponível para quase todas as plataformas com
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o título “The Ur-Quan Masters”.
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A informação sobre o Spore escasseava ao longo dos tempos, até que no início
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deste ano a EA anunciou que o Spore seria lançado com o muito odiado sistema de
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DRM conhecido por “SecurROM”, com um conjunto particularmente nefasto de regras
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aplicadas:
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O Spore só se validaria “falando para casa” a cada dez dias, e apenas
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permitiria a sua instalação três vezes. O anúncio causou muito furor, com
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muitos a dizer que, com essas condições, não comprariam o jogo.
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A EA respondeu cedendo um pouco nas restrições. Continuou a haver muita gente a
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refilar, com muitos, incluindo eu, a dizer que não iriam comprar um jogo com
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qualquer tipo de DRM, especialmente, o SecuROM, que é conhecido como causador
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de problemas nalguns sistemas e é notoriosamente difícil de remover, mesmo após
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a desinstalação do jogo.
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Decidi que não queria mais o Spore.
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Eventualmente, o Spore foi lançado.
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Houve mais uma grande revolta contra o DRM que vem com o jogo: foi lançada uma
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campanha para votar negativamente o jogo na Amazon, com centenas de reviews
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negativas a aparecer e a dizer que o DRM era inaceitável.
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Pessoas processaram a EA, porque em lado algum na documentação do jogo há
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menções quanto a instalação do SecuROM em conjunto com o jogo.
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Apesar de dizer na caixa que o comprador pode ter múltiplas contas na mesma
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cópia do Spore, isso não foi suportado inicialmente — se o meu irmão e eu
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quisessemos ambos jogar o Spore no mesmo PC e ter cada um o seu perfil, a EA
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queria inicialmente que comprássemos duas cópias do jogo!
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Depois, as reviews negativas começaram a aparecer: parece que todas as coisas
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boas que me faziam realmente curioso em jogar este jogo não chegaram a ser
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lançadas na versão final, e o jogo era afinal e essencialmente quatro jogos
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medíocres em um, e desenvolver a tua criatura de várias maneiras fazia pouca ou
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nenhuma diferença no desenvolvimento do jogo em níveis posteriores.
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No meu caso, acabei por não sofrer as consequências do Spore — fui dos sortudos
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que soube evitar tudo o que traz DRM, mas sinto pela pelos pobres infelizes que
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tiveram malware (SecuROM) instalado no seu sistema pela EA — tudo para jogar um
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jogo medíocre que não cumpre o que promete.
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Esta semana houve um artigo a apontar o facto que o Spore foi o “Jogo Mais
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Descarregado de 2008” — existe agora um vigoroso debate sobre se isso foiou
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nãouma resposta directa ao DRM incluído no jogo.
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Várias pessoas apontaram para o facto que algumas pessoas descarregaram Spore
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para conseguirem jogar o jogo que legitimamente possuem graças aos problemas
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com o DRM. Há algo que é abundantemente claro com isso, contudo:
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O DRM não funciona: não impede as pessoas de copiar o jogo e, neste caso, está
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actualmente a encorajar as pessoas a fazerem-no, visto que as cópias funcionam
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melhor que o original!
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O Spore foi o mais mediático, mas todos os jogos lançados pela EA depois dele
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(Mass Effect, Dead Space, etc.) têm DRM.
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Por enquanto pelo menos, parece que a EA sabe que está a fazer um grande erro
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mas não está disposta a corrigi-lo.
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via [35 Days Against DRM — Day 10: Spore][2]
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[1]: https://pt.wikipedia.org/wiki/Spore
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[2]: http://www.defectivebydesign.org/day10-spore
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