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article | Software Livre nas Eleições Europeias 2024 | 2024-06-04 |
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A ANSOL enviou um conjunto de questões aos partidos candidatos às Eleições Europeias 2024 sobre os temas mais prementes em discussão na União Europeia, que incluiam a Regulação de Patentes Essenciais a Normas, a Criptografia de Ponta-a-Ponta (E2EE), Dados Abertos, Acesso Aberto e Recursos Educacionais Abertos, Soberania Digital, e Ecologia e Sustentabilidade.
Publicamos abaixo as respostas completas, por ordem de recepção.
Regulação de Patentes Essenciais a Normas (SEP)
Um dos dossiers que se encontra à espera da nova composição parlamentar é a Regulação de Patentes Essenciais a Normas (Standard Essential Patents regulation). Há uma posição negocial aprovada pelo Parlamento, mas a proposta em cima da mesa tem merecido as críticas e preocupações da comunidade de Software Livre. Qual é a posição da vossa candidatura em relação ao texto que irá agora ser negociado?
Nós, Cidadãos!: Numa primeira opinião, o meu impulso analítico, leva-me à necessidade da matéria carecer de ser analizada sobre diversos pontos de análise, nomeadamente, no âmbito da Cibersegurança, no âmbito do Serviço Público e no âmbito do uso Profissional lucrativo, sem nunca perder de vista o investimento inicial do autor da ideia com valor económico - o qual deve ser adequadamente remunerado ou protegido por Patente, no mínimo até ao Break Even, acrescido de um prémio monetário relativo à inovação e utilidade para a maioria das pessoas, e, acima de tudo, que sejam Softwares Livres de violar a liberdade individual dos cidadãos utilizadores.
CDU - Coligação Democrática Unitária: O PCP defende a livre partilha do conhecimento. E entende que, quando é essencial para a melhoria do bem estar dos cidadãos, este deve manter-se na esfera pública. Assim, não pode estar de acordo com qualquer iniciativa que vise promover o patenteamento ou facilitar a utilização de elementos patenteados em normas. Na realidade, se o objectivo é garantir a interoperabilidade entre sistemas, as normas devem ser o mais abertas possível, evitando qualquer tipo de constrangimento à sua adopção. Como noutro casos, o patenteamento só serve para garantir receitas e controlo tecnológico nas mãos dos grandes monopólios.
Bloco de Esquerda: Preocupa-nos a falta de transparência tanto na elaboração do texto, como nas formas propostas de licenciamento de patentes. Somos críticos deste sistema de maximalização da propriedade intelectual e de todo o aparato jurídico e repressivo que é construído para o manter. As ambiguidades à volta do que corresponde ou não à definição de termos FRAND são problemáticas. A própria inovação é posta em causa com a complexidade do sistema de patentes, sobretudo nos casos em que os proponentes não tenham margem para iniciar processos judiciais, privilegiando injustamente empresas e promovendo uma assimetria prejudicial para um ecossistema económico e científico saudável.
Volt Portugal: Em relação à Regulação de Patentes Essenciais a Normas (Standard Essential Patents regulation), o Volt pretende promover a transparência, a inovação e a acessibilidade no setor de software, defendendo uma abordagem que equilibre os interesses dos detentores de patentes essenciais, assim como a comunidade de Software Livre. O Volt apoiaria medidas que garantam a justa remuneração dos detentores de patentes, ao mesmo tempo que promovem a interoperabilidade, a concorrência leal e o acesso aberto ao conhecimento e à tecnologia para benefício da sociedade em geral. Assim, o Volt estaria disposto a contribuir para e aprovar uma norma que seguisse estes princípios.
AD - Aliança Democrática: O documento "EU Proposal for a Regulation on Standard Essential Patents" publicado pelo Serviço de Estudos do Parlamento Europeu em novembro de 2023 analisa a proposta da Comissão Europeia para um novo regulamento sobre patentes essenciais padrão (SEPs). As SEPs são patentes que cobrem tecnologias necessárias para a implementação de normas de tecnologia. A Comissão Europeia propôs um novo regulamento sobre SEPs em 2022 com o objetivo de abordar as preocupações relacionadas ao uso de SEPs por detentores de direitos de propriedade intelectual (DPI). As preocupações incluem preços altos de licenças, dificuldades em obter licenças e uso indevido de SEPs para travar a concorrência. A proposta da Comissão Europeia inclui uma série de medidas para abordar as preocupações relacionadas ao uso de SEPs. Avaliamos a proposta da Comissão Europeia de forma positiva, mas também identificamos algumas áreas que podem ser melhoradas e estamos disponíveis para vos ouvir sobre o assunto em questão. A proposta pode ser melhorada e contamos com a vossa ajuda para sugestões.
LIVRE: O controlo corporativo de patentes limita a inovação e impede a liberdade de expressão. [in 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024', capítulo Q. Soberania Digital ponto 6.'Construir bens digitais comuns' (pg. 103)] Não temos ainda uma posição pública sobre este assunto em específico, mas levando em conta as nossas posições que se relacionam com o tema, nós no LIVRE partilhamos das críticas e preocupações da comunidade de Software Livre. As Normas não devem obrigar ao uso de soluções sob patente. As Organizações de Desenvolvimento de Normas (SDOs) devem garantir o acesso aberto às normas publicadas e a capacidade das mesmas serem cumpridas sem recurso a soluções patenteadas. Este dossier das SEP é um exemplo claro de como um ecossistema baseado em licenças abertas é fundamental para garantir a igualdade de oportunidades.
Criptografia de Ponta-a-Ponta (E2EE)
Os recorrentes ataques à Criptografia de Ponta-a-Ponta têm sido travados, mas a questão está longe de estar resolvida, com várias propostas actualmente em cima da mesa que tentam negar o direito à privacidade das comunicações em situações específicas. Que considerações têm a fazer sobre esta temática?
CDU - Coligação Democrática Unitária: Como enunciado no actual "Compromisso do PCP para as Eleições ao Parlamento Europeu", o PCP "recusa (...) prácticas de censura, vigilância e violação da reserva da vida privada dos cidadãos", considerando que são "atentatórias de direitos, liberdades e garantias". É neste âmbito que se enquadram as iniciativas que visam garantir a possibilidade de escuta de comunicações cifradas. Por esses motivos, já no mandato anterior, o PCP teve oportunidade de se pronunciar contra estas directivas.
Bloco de Esquerda: Partilhamos a preocupação com as repetidas investidas contra a encriptação E2EE, que irão certamente continuar e que merecerão a nossa convicta oposição. Não aceitamos que o direito à privacidade seja hipotecado em nome de ameaças difusas, como a segurança das crianças online, que é um problema real mas que implica abordagens muito diferentes das propostas que mencionam, e não aceitamos que princípios como o da inviolabilidade da correspondência possam ser colocados em causa. Sempre nos posicionámos do lado da privacidade dos cidadãos, mesmo quando se reivindica prioridades de segurança nacional e assim continuaremos.
Volt Portugal: O Volt pretende promover a privacidade e a segurança dos dados, sendo que defendemos a proteção da criptografia de ponta-a-ponta como um direito fundamental à privacidade das comunicações. A criptografia de ponta-a-ponta desempenha um papel crucial na proteção dos dados pessoais e na garantia da confidencialidade das comunicações, sendo essencial para a segurança cibernética e a proteção dos direitos individuais dos cidadãos. Assim, consideramos que devem ser continuados e redobrados os esforços para promover a Criptografia de Ponta-a-Ponta.
AD - Aliança Democrática: Consideramos sempre que os governos acedam aos dados privados das pessoas, esse acesso deve ser direcionado, proporcional e sujeito a supervisão. A proposta original da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, permitiria às autoridades da UE obrigar os serviços online a analisar todos os dados dos utilizadores e compará-los com bases de dados policiais. O objetivo declarado seria o de procurar crimes contra crianças, incluindo imagens de abuso sexual infantil. A proposta da UE chegou mesmo a sugerir denunciar pessoas à polícia como potenciais abusadores de crianças. Aliança Democrática considera que todo o ser humano deve ter o direito a ter uma conversa privada. Isto é verdade no mundo online, e não devemos abdicar desses direitos no mundo digital. No entanto reforçamos mais uma vez quanto dito, o acesso deve ser direcionado, proporcional e sujeito a supervisão. É vital que as comunicações permaneçam protegidas no futuro para a segurança dos nossos cidadãos, sociedades, economias e mercado único digital da UE.
LIVRE: Não pode ser colocada em causa o direito à privacidade. O acesso indiscriminado a este tipo de informação é desproporcionado e ilegal. Medidas como o "Chat Control" não são aceitáveis em democracia. No entender do LIVRE, a encriptação ponta a ponta é equiparável a um direito civil. Qualquer iniciativa que resulte numa quebra definitiva desta encriptação ou no acesso tipo 'client side scanning' deve ser liminarmente rejeitada. Do ponto de vista legal, isto coloca o ónus da prova de forma invertida e isto não é admissível, tal como não o é noutros contextos. [in 'Debate com os Partidos Políticos sobre "O Futuro da Regulação da Internet na Europa"' em https://www.youtube.com/watch?v=pdFwEm8EU_s]
Dados Abertos, Acesso Aberto e Recursos Educacionais Abertos
O uso de Dados Abertos e o recurso ao Acesso Aberto tem sido, ainda que de forma tímida e pouco coordenada, reconhecido como uma estratégia de vital importância. A abertura da educação foi declarado um item importante na agenda política Europeia, contudo ainda pouco se tem feito quanto ao tema. Que passos consideram importantes serem dados nestas matérias?
CDU - Coligação Democrática Unitária: No âmbito da livre partilha do conhecimento, que o PCP defende, entra, naturalmente, o conceito de dados abertos. Aliás, foi uma iniciativa legislativa do PCP que deu origem ao Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital: a Lei 36 de 2011, que estabelece a adopção de normas abertas para a informação em suporte digital na Administração Pública, promovendo a liberdade tecnológica dos cidadãos e organizações e a interoperabilidade dos sistemas informáticos do Estado. As instituições públicas têm responsabilidades acrescidas na garantia de acesso aos dados de forma aberta e utilizando normas abertas. Não é admissível obrigar os cidadãos a usarem determinada marca ou produto para acederem a certos serviços públicos, sejam eles a mera consulta de dados, o preenchimento de impressos, ou o acesso a comunicações. Fundamental para a livre partilha de conhecimento é, obviamente, a existência de recursos educacionais públicos. Por isso, o PCP considera que todo o conhecimento produzido em instituições públicas ou financiadas com dinheiros públicos deve estar disponível de forma pública e aberta.
Bloco de Esquerda: Os dados abertos, embora estejam ainda longe de cumprir a sua promessa de envolvimento democrático da sociedade civil nos processos de decisão e compreensão da sociedade, são incontornáveis como bandeira de uma sociedade democrática e aberta. Defendemos a expansão do seu âmbito, nomeadamente através da imposição de políticas obrigatórias de dados abertos dentro das instituições públicas segundo o princípio "open by default". O acesso aberto é também uma premissa necessária de uma política científica consequente, e também nos preocupa a primazia dos journals académicos predatórios, com exemplos extremos como o da Elsevier. Os recursos educacionais abertos deverão ser parte integrante de uma política educacional europeia que coloque a aprendizagem e a partilha de conhecimento em primeiro lugar. Hoje em dia resulta numa perversão de todo o processo educativo, submetendo-o a lógicas que não têm o bem-estar dos cidadãos como preocupação.
Volt Portugal: Para abordar as questões de Dados Abertos, Acesso Aberto e Recursos Educacionais Abertos, o Volt propõe uma série de medidas importantes:
- Defesa da disponibilidade e abertura de dados públicos, considerando os dados abertos como um bem público, promovendo a partilha de dados públicos sob uma licença aberta e num formato aberto. Especificamente, o Volt insiste no caráter de código aberto da pesquisa financiada publicamente.
- Garantia da proteção de dados privados e assegurar que a publicação de dados públicos não comprometa a privacidade. O Volt defende a proteção da privacidade dos cidadãos em relação à possibilidade de agregação de grandes quantidades de dados coletados por entidades governamentais e privadas.
- Promoção da transparência governamental, incentivando a disponibilidade regular de dados governamentais, prioridades e descobertas para os cidadãos, de forma compreensível. Isso inclui a partilha de dados e serviços entre administrações para promover economias de escala e maior eficiência.
- Enfatizar os efeitos positivos potenciais dos dados abertos no conhecimento, no envolvimento dos cidadãos e na inovação.
- Assegurar que todos os Estados-Membros da UE e as suas autoridades locais cumpram a Carta de Dados Abertos, garantindo que os dados sejam abertos por padrão, publicados de forma oportuna e compreensível, acessíveis e utilizáveis, comparáveis e interoperáveis, e usados para melhorar a governança e o envolvimento dos cidadãos, bem como para o desenvolvimento inclusivo e a inovação.
AD - Aliança Democrática: Sem resposta.
LIVRE: No 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024', capítulo Q. Soberania Digital ponto 5. 'Implementar a Rede de Dados Europeia autónoma' (pg. 103) pode-se ler: "A atual estrutura da Internet é demasiado centralizada. Grande parte da nuvem que armazena e gere os nossos dados é de propriedade privada e estruturada de uma forma que permite o aproveitamento comercial de informação pessoal, bem como vigilância estatal não declarada. Propomos uma nova Rede Autónoma de Dados Europeia (RADE): uma rede de dispositivos descentralizada, anónima e encriptada que proteja os nossos dados e impeça a vigilância massiva das pessoas. Todos os serviços de interesse público devem ser baseados na RADE e todas as pessoas devem receber uma Identidade Cidadã Digital, que lhes permita aceder a sites do governo de forma certificada e participar em fóruns públicos com a opção de salvaguarda da identidade para o exterior." No ponto 6.'Construir bens digitais comuns' (pg. 103) pode-se ler também: O controlo corporativo de patentes e direitos de autor limita a inovação e impede a liberdade de expressão. Construiremos os bens digitais comuns restringindo o poder dos direitos de autor. Propomos:
- que todo o código desenvolvido com dinheiro público fique no domínio público;
- expandir a cláusula de "Uso Justo" em todas as leis de direitos de autor;
- reverter o ónus da prova para que os bens sejam considerados bens digitais comuns, excepto se se provar estarem protegidos por direitos de autor;
- rever a Diretiva de Direitos de Autor da UE para reequilibrar os direitos dos utilizadores, criadores e inovadores.
Soberania Digital
Na constante transformação digital que vivemos, o Software Livre tornou-se uma fundação crítica para a inovação e criatividade, servindo também como elemento vital para a soberania digital Europeia. O seu impacto económico tem sido estudado e evidenciado, além de promover uma sociedade digital mais inclusiva, transparente e resiliente. Qual é a vossa visão sobre a importância da soberania digital, e o que fazer para atingi-la?
CDU - Coligação Democrática Unitária: Dois dos pilares da política alternativa patriótica e de esquerda que o PCP defende, é a "promoção e desenvolvimento da produção e riqueza nacionais (...)" e "(...) serviços públicos ao serviço do país, capazes de garantir o direito à saúde, à educação, à protecção social dos portugueses".
Por outro lado, o PCP equipara a importância estratégica da Infraestrutura Digital com a dos "serviços públicos essenciais [como a] saúde, [o] ensino e estruturas públicas de I&D, Energia, Transportes". Por isso, tem defendido, também para estes sectores, "a aplicação dos Fundos (...) de forma soberana".
Para garantir a nossa soberania, também no sector digital, será essencial investir numa forte infraestrutura digital pública, dotar o Estado de capacidade para responder às exigências digitais de todo o Sector Público e desenvolver a produção nacional igualmente nesta área. Assim, o PCP defende "a propriedade e controlo públicos das principais infraestruturas de armazenamento, tratamento, circulação e difusão de dados".
Sublinha-se a posição de longa data do PCP de aposta no desenvolvimento do Software Livre em Portugal, como factor para esse desenvolvimento e de defesa da nossa soberania. Exemplo disso são as resoluções 66 de 2004 e 202 de 2007.
O PCP também rejeita "processos de concentração capitalista e mecanismos (...) que visam a uniformização cultural, o impedimento da livre partilha de conteúdos, a exploração pelas grandes multinacionais dos direitos de autor, a limitação da justa remuneração dos criadores e a censura digital" como a directiva dos direitos de autor no mercado único digital da UE, citações que constam do Compromisso do PCP para as Eleições ao Parlamento Europeu 2024.
Bloco de Esquerda: A soberania digital é um ponto estratégico fundamental para qualquer estado moderno. Opomo-nos ao outsourcing e à privatização da infra-estrutura tecnológica, tanto no hardware como no software. Estamos convictos de que é necessário um esforço de raiz para reverter os processos de privatização e alienação dessa infra-estrutura, e que para tal esforço o software livre é um ponto essencial. Também acreditamos que uma política pública assente no princípio da soberania digital terá o efeito de potenciar indústrias locais/nacionais e contestar o domínio atual da indústria norte-americana, presente por exemplo nos últimos desenvolvimentos sobre o uso de software Microsoft dentro da Comissão Europeia e os riscos que comporta.
Volt Portugal: A visão do Volt sobre a soberania digital e o papel do Software Livre é clara e abrangente. O partido reconhece a importância da proteção da segurança e resiliência da infraestrutura digital da UE, promovendo um ecossistema de Software Livre e de código aberto (FLOSS) que impulsiona a inovação. O Volt propõe as seguintes medidas, que visam fortalecer a segurança, a transparência e a independência digital da UE, promovendo a inovação e a acessibilidade no setor de tecnologia.
- Incentivar a substituição de software proprietário por soluções de código aberto na administração pública para criar uma estrutura transparente que reduza o risco de violações de dados, uso não autorizado de dados e dependência de fornecedores proprietários.
- Ativamente pressionar pela introdução de uma diretiva que obrigue os serviços e instituições da UE a migrar para software FLOSS.
- Criar uma plataforma para software FLOSS na administração pública e exigir que os funcionários públicos avaliem as soluções disponíveis na plataforma em termos de scope e custo antes de optar por software proprietário.
- Designar os editores como prestadores de serviços em concursos públicos baseados em FLOSS.
- Recomendar a adoção a nível nacional e sensibilizar sobre as vantagens do software FLOSS em comparação com soluções proprietárias.
AD - Aliança Democrática: A UE enfrenta uma série de desafios para alcançar a soberania digital, incluindo:
- Dependência de tecnologias e serviços de países terceiros, como os Estados Unidos e a China;
- Ameaças cibernéticas crescentes, como ataques de ransomware e espionagem;
- Lacunas nas leis e regulamentos em torno de áreas como inteligência artificial e dados.
A UE também tem várias oportunidades para alcançar a soberania digital, incluindo:
- Investimento em pesquisa e desenvolvimento em áreas como infraestrutura digital, segurança cibernética e inteligência artificial;
- Desenvolvimento de padrões e normas europeias para tecnologias digitais;
- Cooperação com outros países e organizações internacionais para promover a soberania digital.
A Aliança Democrática apoia:
- Aumento do investimento em pesquisa e desenvolvimento em áreas prioritárias;
- Desenvolver padrões e normas europeias para tecnologias digitais;
- Reforçar a segurança cibernética da EU;
- Promover a educação e as habilidades digitais entre os cidadãos da EU;
- Cooperar com outros países e organizações internacionais para promover a soberania digital.
Sublinhamos a necessidade de garantir que a soberania digital não seja usada para criar barreiras comerciais ou discriminar outros países.
LIVRE: Acreditamos numa Europa tecnologicamente soberana, onde os europeus tomam decisões sobre os seus dados, plataformas e inovação. Os nossos dados devem pertencer-nos, as nossas conversas privadas devem permanecer privadas e as inovações financiadas publicamente devem pertencer ao público. Pretendemos colocar o poder da tecnologia ao serviço das pessoas. [in 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024' - Q. Soberania Digital (pg. 101)]
O apoio do LIVRE a campanhas como a "Public Money? Public Code!" é representativo da nossa posição em relação às responsabilidades que vêm acopladas ao uso de dinheiros públicos. E para além de palavras, o LIVRE age em conformidade com o que defende. A Forma de fazer política É política: a nossa plataforma interna de trabalho político colaborativo [Ponto LIVRE] foi criada e desenvolvida por Membros e Apoiantes com recurso exclusivo a soluções de software livre.
Defendemos a transição progressiva para software livre e de código aberto em todos os níveis das instituições da UE e em instituições financiadas com recursos públicos, desenvolvidos e mantidos por equipas internalizadas nos serviços da UE quando se trate de aplicações específicas e de uso não-universal. Queremos estruturar todos os registos que estão disponíveis ao público num banco de dados online aberto. A tecnologia pode e deve ser um veículo de transparência. [in 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024' - Q. Soberania Digital - 4. Trabalhar pela governação livre e normas de acesso aberto (pg. 102)]
Ecologia e Sustentabilidade
Abordagens técnicas e culturais abertas são essenciais para apoiar tomadas de decisão auditáveis, e criar a capacidade de localização e personalização, providenciado novas oportunidades para a participação, garantindo confiança e transparência. O Software Livre, cujo modelo aberto tem sido usado para aplicar essas abordagens, contribui para uma transição ecológica e sustentabilidade digital na União Europeia. Que políticas pensam promover para encorajar e potenciar esta contribuição?
CDU - Coligação Democrática Unitária: Das medidas que defendemos para assegurar uma transição justa destacamos:
- Promoção da eficiência energética e de um maior aprovisionamento energético oriundo de fontes renováveis, privilegiando os recursos endógenos de cada país, a par da racionalização dos consumos, no quadro do respeito pelo direito soberano de cada país de definir a sua política energética e o seu combinado de fontes de energia.
- Reforço do investimento na investigação e no desenvolvimento tecnológico, visando uma indústria cada vez menos poluente e uma maior sustentabilidade dos meios urbanos, onde se concentra tendencialmente a grande maioria da população.
Bloco de Esquerda: A sustentabilidade passa pela partilha e aproveitamento das soluções tecnológicas, pelo que o software livre é essencial numa agenda que valorize a sustentabilidade. Apoiamos a iniciativa Public Money Public Code, para assegurar que os frutos do investimento público são efectivamente devolvidos à sociedade e potenciar um ciclo virtuoso de crescimento sustentável. O profundo desperdício de dinheiros públicos em licenças proprietárias, como é exemplo o domínio da Microsoft nas escolas públicas; esses fundos podiam ser muito melhor aplicados na resiliência e sustentabilidade das instituições. A mobilização da comunidade maker no desenvolvimento de soluções durante a pandemia foi um ótima demonstração de como um modelo de partilha livre e aberta do conhecimento e das ferramentas pode ser uma medida efetiva para abordar os dilemas ecológicos que nos esperam nos próximos anos.
Volt Portugal: A sustentabilidade é o tema prioritário do Volt em toda a Europa. Para promover a ecologia e a sustentabilidade, o Volt propõe uma série de políticas e medidas que visam contribuir para uma transição verde e uma agricultura mais sustentável na União Europeia, muitas delas potenciadas por Software Livre e a sua legislação. Sabemos que a promoção do Software Livre contribui para a redução da pegada de carbono, uma vez que o desenvolvimento e utilização de software de código aberto tende a ser mais eficiente em termos de recursos do que o software proprietário. Menos recursos são necessários para produzir e manter software livre, o que pode resultar em menor consumo de energia e menor impacto ambiental. Por outro lado, o modelo aberto do Software Livre promove a transparência e a colaboração, permitindo que mais pessoas contribuam para o desenvolvimento de soluções sustentáveis. Isso pode levar a inovações mais rápidas e eficazes no campo da sustentabilidade ambiental, que é por nós fortemente defendida. O Software Livre também proporciona acesso aberto ao código fonte, permitindo a personalização e adaptação de soluções de software para atender às necessidades específicas de projetos de sustentabilidade. Isso pode facilitar a implementação de novas tecnologias verdes e a criação de soluções personalizadas para desafios ambientais. Ao mesmo tempo, o Software Livre promove a reutilização e a partilha de recursos, o que está alinhado com os princípios da economia circular que o Volt defende. Ao utilizar e contribuir para projetos de Software Livre, as organizações podem reduzir o desperdício e maximizar a eficiência dos recursos. Em resumo, o Volt defende que o Software Livre pode desempenhar um papel fundamental na promoção da sustentabilidade ambiental, oferecendo soluções tecnológicas mais eficientes, transparentes e adaptáveis para enfrentar os desafios ambientais atuais, e é também por isso que o Volt o defende em todo o continente.
AD - Aliança Democrática: Sem resposta.
LIVRE: No 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024' (pg. 103) pode-se ler: "O programa Horizonte Europa investe anualmente milhares de milhões de euros em investigação e inovação. No entanto, cidadãos, cidadãs e pessoas residentes não têm como dar a sua opinião direta quanto à alocação desses fundos e o controlo sobre os produtos ou as patentes que resultam desse incentivo económico continua a ser a exceção. Iremos dar mais voz às pessoas sobre este programa:
- atribuindo mais recursos aos projetos cooperativos e às organizações da sociedade civil de cariz social;
- propondo uma linha piloto de financiamento que responda a prioridades identificadas pelos cidadãos, cidadãs e pessoas residentes;
- instituindo direitos de propriedade coletivos para os produtos resultantes do investimento público;
- incentivando as inovações aberta e colaborativa entre empresas, academia e sector público para desenvolver soluções de Inteligência Artificial (IA) que atendam às necessidades da sociedade e promovam o interesse público;
- acompanhando e avaliando o impacto social e económico da IA nas comunidades e desenvolver mecanismos de deteção de vieses, evitando a discriminação gerada pelo algorítmico e garantindo a representação equitativa de todas as pessoas;
- investindo na educação de profissionais do sector público, de forma a garantir as competências necessárias para desenvolver e utilizar os vários domínios tecnológicos de forma ética e responsável. Acreditamos que o dinheiro público deve gerar conhecimento público, propriedade pública e riqueza comum.
O mesmo princípio se aplica ao desenvolvimento da IA. A UE deve garantir o escrutínio da regulação em vigor, bem como incentivar a atualização contínua da mesma. Para além disso, rejeitamos a associação tendencial da definição de inovação presente no programa Horizonte Europa e nas políticas industriais da União Europeia com o desenvolvimento de bens e serviços para o mercado." [in 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024' - Q. Soberania Digital - 7. Democratizar a investigação e a inovação (pg. 104)]
Neutralidade da Internet
Nos últimos anos, têm havido várias tentativas de convencer o legislador Europeu a criar uma obrigação de pagamentos de grandes fornecedores de conteúdos e aplicações (CAPs) aos fornecedores de serviços de Internet (ISPs). Para além de outros problemas, uma proposta deste tipo tem como consequência a destruição da neutralidade da Internet. No ano passado, os ISPs voltaram a pressionar a Comissão Europeia, o que originou críticas de todos os sectores, incluindo dos representantes dos reguladores Europeus para as comunicações electrónicas, que emitiram um relatório arrasador. A Comissão Europeia decidiu adiar a criação da proposta. Qual é a vossa posição sobre a neutralidade da Internet?
CDU - Coligação Democrática Unitária: O PCP defende "a total transparência e neutralidade das redes". Tem desenvolvido várias iniciativas sobre o tema, nomeadamente os Projetos de Lei 418/XI/2 e 103/XII, entre audições e debates sobre o tema. O "tratamento igualitário de todo o tráfego", volta hoje a estar ameaçado pela voracidade capitalista e pela subordinação da UE aos interesses das grandes multinacionais. Por outro lado, para evitar a "censura de conteúdos por motivos políticos", o PCP pugna pela "neutralidade da rede perante todo o tipo de conteúdos". No domínio tecnológico, são vários os direitos ameaçados e, por isso, o PCP procura a "proibição da utilização de tecnologias que se dedicam a recolher de forma invasiva dados pessoais (...) a vigilância permanente em contexto laboral, a devassa automatizada da privacidade, a recolha de dados biométricos".
Bloco de Esquerda: Temos estado sempre na linha da frente a defender a neutralidade da Internet [a Marisa estava mesmo por dentro disso] e a nossa posição não mudou. É fundamental contestar as investidas das operadoras no sentido de limitar o acesso livre e completo à internet, com recurso a tácticas enganadoras como o zero-rating. Sabemos que o fim da neutralidade da Internet prenunciará o fim da Internet livre e a sua redução a um conjunto de sites e redes sociais. Sabemos que a Internet tem de continuar a ser das pessoas, e defender o seu livre usufruto e exploração por parte da sociedade é um objectivo central para nós numa política voltada para as pessoas.
Volt Portugal: O Volt defende a importância de garantir a neutralidade da Internet como um princípio fundamental para preservar a igualdade de acesso, a liberdade de expressão e a inovação online. O Volt apoia a manutenção de um ambiente online aberto e equitativo, onde todos os dados e conteúdos são tratados de forma igual, sem discriminação ou priorização com base em interesses comerciais. A neutralidade da Internet é essencial para garantir que os utilizadores tenham acesso livre e justo a todos os conteúdos e serviços online, sem interferência indevida por parte dos fornecedores de serviços de Internet. Ao preservar a neutralidade da Internet, o Volt visa promover um ambiente digital democrático, inclusivo e transparente, onde a diversidade de opiniões e a livre circulação de informações são protegidas.
AD - Aliança Democrática: Sem resposta.
LIVRE: Já em 2019 o LIVRE assumia a defesa intransigente da "Neutralidade da rede" (Net Neutrality) através da aprovação em Congresso da Moção 'Por uma Internet LIVRE', onde se assumia ainda de forma clara a luta:
- Por uma forte oposição à censura de conteúdos por parte de governos ou empresas
- Pela defesa de um acesso universal à internet que impeça a exclusão de qualquer cidadão, independentemente da sua condição económica, e por uma promoção ativa da literacia digital
- Pela defesa do direito à privacidade online e ao direito ao esquecimento, devendo cada cidadão ter controle sobre os seus dados pessoais (direito à dissipação da informação, no sentido de permitir o esquecimento)
- Pelo direito a ter acesso, a fazer recolha sistemática de dados e a criar conteúdos diversos
- Pela defesa de uma web alicerçada em tecnologias estandardizadas com base em código aberto
- Pelo direito à liberdade de expressão e associação online
- Pela defesa e promoção do software de código aberto, em especial na esfera pública, seja nos serviços do estado ou em projectos com financiamento público
- Pelo direito à utilização livre de conteúdos em contexto de ensino
- Pelo direito à construção colaborativa de software e hardware
- Pelo direito à Liberdade e à Privacidade através da promoção da encriptação das comunicações online
- Pela promoção do "A Contract for the Web" e pela sua assinatura pelo Governo Português
No Programa Eleitoral para as Europeias 2024, pode-se ler: "Introduziremos legislação que consagre o direito à Internet livre e sem censura. Para concretizar o acesso universal à Internet, a legislação atribuirá aos Estados-Membros a responsabilidade de desenvolver e expandir a sua infraestrutura digital. Para garantir que todas as pessoas têm a capacidade de navegar na Internet, colocaremos de novo em prática o "Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida" da UE para desenvolver a literacia digital e a capacidade digital em toda a Europa. Garantiremos o cumprimento da neutralidade da rede de acordo com o Regulamento 2015/2120, colocando nos fornecedores de serviço de acesso à Internet em toda a UE o ónus de demonstrar que tratam toda a transmissão de dados nas suas redes de forma igual no que concerne à velocidade, latência e preço, independentemente da fonte, protocolo ou aplicação a que os dados são destinados." [in 'Programa Eleitoral Europeias LIVRE 2024' - Q. Soberania Digital - 1. Garantir o direito à Internet livre e universal (pg. 101)]
Comentários adicionais nas declarações dos partidos
AD - Aliança Democrática: O Código Aberto desempenha um papel crucial na economia digital, impulsionando a inovação, a competitividade e a eficiência. A UE reconhece a importância de promover um ecossistema de Código Aberto forte e vibrante na Europa. A UE visa aumentar a adoção de Código Aberto em todos os setores, incluindo o setor público, as empresas e a sociedade civil.
Ações que devem continuar a ser implementadas:
- Criar centros de informação para fornecerem apoio e orientação aos utilizadores;
- Reforço dos programas de financiamento para apoiar projetos de Código Aberto;
A Aliança Democrática reconhece a importância da diversidade e da inclusão no ecossistema de Código Aberto, destacando, no entanto, a necessidade de garantir a segurança e a confiabilidade das soluções de Código Aberto. Desta forma a Aliança Democrática suportará uma abordagem global de forma que se promova o Código Aberto.